Eu sempre fui mimado. Não aquele mimado que fazia/faz birra no chão do supermercado até a mãe comprar o chocolate ou que tinha/tem tudo o que quer de bandeja e na hora. O outro tipo de mimado. Aquele que nunca teve que se preocupar com os afazeres domésticos relacionados a gastronomia.
Por que todos os outros eu tive. Aprendi desde pequenininho que não tem essa de serviço de mulher e de homem em casa. Sempre arrumei meu quarto, lavei louça, lavei banheiro, arrumei cozinha e tralalá, mas nunca, nunquinha na vida, eu cozinhei.
Mamãe sempre cuidou dessa parte. Se não era mamãe, era irmã, era cunhada, era tia, era vizinha e de vez em quando, até meu irmão. Mas nunca eu.

Eu era daquele tipo que, se não tinha comida pronta em casa ou: a) eu ficava com fome até alguém chegar e fazer b) eu comia porcaria ou c) eu ligava pra minha mãe e dizia “mãe, tô com fome”.
Sempre foi assim e sempre funcionou muito bem, obrigado. Teve uma vez que ela mandou uma marmitex lá pra casa só pra me alimentar. Mãe, te amo.
Antes de sair do Brasil, minha mãe até tentou me dar algumas aulinhas práticas de culinária. Ela tentou me ensinar a fazer arroz, macarrão e etc, mas eu não prestei atenção em nada. Afinal, o Felipe viria comigo e ele é expert na cozinha. Ou seja, eu não precisaria saber fazer alguma coisa, precisaria?
E foi assim. Felipe veio comigo e tratou de pilotar o fogão. Muito bem por sinal, obrigado Felipe, você me alimentou muito bem.
Só que o Felipe foi embora.
E eu ainda não sabia cozinhar.
Quando ele foi embora, eu resolvi que era hora de aprender a cozinhar, porque eu não queria morrer de fome e muito menos queria gastar meus lindos euricos comendo na rua. Sim, querido leitor que vem pra cá em breve, comer fora na Irlanda é os “eyes of the face“.
Começou então a minha “iniciação” gastronômica. Queimei muito arroz, muito bife, fiz muita omelete e aprendi a fazer macarrão. Como eu peguei o jeito do macarrão rapidinho e ele particularmente fica muito bom (ou seria a minha fome?), eu cheguei a comer macarrão por uma semana.
Já em Sligo, ainda aprendendo a cozinhar, descobri o arroz de saquinho. Aquele lá que cozinha no saquinho e que nunca queima. Fui até o céu e voltei 347x. Só de pensar que nunca mais queimaria arroz na vida, me empolguei a aprender o resto, já que meu macarrão botava o da Cantina Del Pópolo no CHINELO!
E desde então, venho inventando na cozinha, buscando receita na internet e por aí vai. Já fiz strogonoff, frango ao molho de queijo, frango com legumes, picadinho de carne moída com legumes, picadinho de carne com batata, macarrão alho e óleo, macarrão com salsicha, macarrão com atum, molho de salsicha e por aí vai.
E ficou tudo muito bom, viu? Seu recalque bate nas minhas panelas e volta em forma de gordura pra você.
Escrevi esse post apenas para deixar algumas dicas pra você, leitor que vem pra Irlanda em breve e assim como eu descrevi nesse post, não faz a mínima ideia de como aquele fricassê de frango MARAVILHOSO da sua mãe chegou no seu prato.
DICAS DO SOLTEIRO MODERNO QUE COZINHA PRA SI MESMO
– Tenha sempre queijo na sua geladeira. Acredite, tudo fica melhor com queijo.
– Não despreze o poder que a mostarda e o catchup tem. Eles podem deixar qualquer coisa comestível.
– Pão é o alimento sagrado por algum motivo. Tenha sempre ao seu alcance.
– Carne moída é um treco muito fácil de preparar. Se possível, estoque.
– Legumes congelados são a melhor invenção depois da internet.
– Compre o arroz de saquinho. Sério, é vida.
– Aprende a fazer macarrão. Você vai comer sempre e é melhor do que miojo.
– Não cozinhe com fone de ouvido, você vai se empolgar e vai queimar tudo.
– Não ache que sal nunca é demais. Açúcar nunca é demais, sal não.
– Tenha temperinhos do tipo caldo Knorr. Eles deixam até madeira comestível.
– Se você não gosta de cozinhar, minta pra você mesmo e diga que gosta. Uma hora você engana seu cérebro.
– Nunca esqueça de comprar ovos. Ovos podem virar omelete, tortilhas, ovo frito no pão, ovo cozido, ovo na carne moída, ovo no arroz, ovo no molho de tomate. Ovo é VIDA!
– Compre tudo em porções pequenas.
– Já falei tenha queijo, né?
E por último, divirta-se mestre Cuca!
Eu também tive umas aulinhas básicas antes de vir pra cá, e também enganei meu cérebro repetindo um milhão de vezes ‘cozinhar é divertido’ 🙂
hahaha
Uma hora da certo 😛
Eyes of the face é muito mais legal! hahaha
Sobre cozinhar: é isso aí. Se você acreditar que gosta de cozinhar, acaba gostando mesmo…. Mas às vezes dá uma preguiiiiiiça…. só não caí na tentação de pizzas e coisas congeladas! Sempre faço meu arrozinho (de saquinho, porque isso é vida SIM) ou meu macarrão e tá bão demais!
Amei o post! A família M. também tem essa filosofia de que td fica melhor com queijo.
“Eyes of the face”: to cost an arm and a leg
🙂
Hehe! Eu nao conhecia e expressao e tal.. eu sempre falva isso no Brasil (sabendo que nao era oficiail).. SOUNDS NICE! HAHAH..