Faculdade na Irlanda

No Brasil a gente termina o colegial, faz 1, 2, 3, 4, 5, 6 vestibulares diferentes e entra na faculdade. Também temos a possibilidade de fazer o ENEM no último ano do colegial e caso tenhamos uma boa pontuação, podemos utilizar a nota para pular o vestibular de algumas universidades públicas (nem todas aceitam), ou ainda usar a nota pra aplicar pro ProUni, no caso de uma universidade particular, certo?

Mas a regra geral ainda é: vestibular.

E como é na Irlanda?

Observação importante: esse post não é oficial e eu não fui muito a fundo na pesquisa do tema, apenas troquei ideia com alguns amigos irlandeses que estudaram aqui e eles me explicaram como funciona o sistema.

Como vocês já deve saber, o ano acadêmico nessa lado do mundo começa em setembro e vai até julho, diretão. Eles tem um break de Natal, Ano Novo, Páscoa e só. Em julho (começo do verão) o ano letivo acaba e eles estão de férias até o começo de setembro. Aí eles viajam, vão passar um tempo fora, vão trabalhar em bar, pub, café, restaurante e fazer alguma coisa legal.

No último ano do colegial, que aqui é apenas chamado de ‘secondary school’ (equivalente ao high school americano) eles tem que tomar algumas decisões, que começam no início do 2º semestre, fim de janeiro.

A primeira decisão é preencher a ‘application sheet‘, que é o primeiro passo pra universidade. Essa ‘folhinha’ vai conter os dados escolares do aluno e apenas 10 opções de cursos e universidades. Sim, apenas 10.

Essa ‘application’ vai ser enviada para o CAO (Central Applications Office) órgão responsável pelas aprovações nas universidades, que diferente do Brasil, não aplicam o vestibular. Elas escolhem seus alunos baseados em sua nota no ‘Leaving Certificate’, que é a segunda e maior preocupação do formando irlandês.

Sim, parecem os NOM's de Harry Potter
Sim, parecem os NOM’s de Harry Potter

O ‘Leaving Certificate’ é uma espécie de ENEM e acontece no final de maio, início de junho. Nada mais é do que um super prova com todas as matérias que eles cursaram durante toda a vida. Boa pontuação no ‘Leav Cert’ (como eles chamam), significa uma boa chance de entrar em uma boa universidade e de cursar um bom curso.

A grande diferença é que esse exame é obrigatório e é o ÚNICO caminho pra universidade, ou seja, eles fazem uma única prova, se esforçam SUPER pra tirar excelentes notas e usam essa nota pra ir pra faculdade.

Se você está seguindo meu raciocínio, percebeu que a aplicação pra faculdade foi feita em fevereiro, mas a prova foi feita em junho. Pera, tem coisa errada aí!

Não, não tem. Essa é a maior pegadinha. O aluno precisa escolher o curso e a faculdade bem antes de fazer a prova. Cursos mais tradicionais e em universidades mais conceituadas exigem uma pontuação maior, cursos menos procurados e em universidades menos conceituados, menos pontos.

Nessa hora o aluno tem que fazer um avaliação muito sincera de si mesmo, de sua capacidade e caso ele almeje algo que ele ainda não está preparado, é hora de estudar e se dedicar mais.

Eles encaram isso com um incentivo do tipo: quero ir pra faculdade A, fazer o curso X, então eu preciso ir muito bem no ‘leav cert’.

O resultado do ‘Leaving Certifcate’ chega no começo de agosto para os alunos e em menos de uma semana, chegam as cartas de aprovação, já que o sistema é integrado. Aquela folhinha que eles mandaram pro CAO, foi enviada para as universidades junto com as notas e a universidade aceitou ou não o aluno.

Algumas universidades maiores, como o Trinity e a UCD, também aceitam as aplicações inloco, sem a ajuda do CAO, cabe ao aluno decidir isso.

Aprovado na universidade é hora de pagar o fee. Aqui não existe ensino superior gratuito como no Brasil, mas isso não significa que todo mundo tenha que pagar. Existem diversos programas de benefício e muitos irlandeses são beneficiados com eles.

Funciona mais ou menos assim: quem pode pagar, paga e quem não pode, o governo ajuda.

No geral, eu achei o sistema daqui bem melhor. Gostaria que no Brasil fosse assim, sem vestibular e o ENEM fosse de fato o nosso ‘leav cert’. Sem contar o fato de que quem pode pagar, pagar e quem não pode, ter ajuda.

Afinal, não tem nada mais desigual do que uma pessoa estudar a vida toda em escola privada e fazer faculdade pública e quem fez escola pública, ter que pagar pra fazer faculdade. Mas isso é papo pra outro post.


6 comentários sobre “Faculdade na Irlanda

  1. Achei as suas colocações finais um tanto quanto equivocadas. Não considero, do modo como entendi, o sistema irlandês melhor, muito pelo contrário! Ter uma única forma de acesso ao ensino superior é atrasado. O ENEM é hoje o principal (mas não o único) responsável pelo ingresso de estudantes nas universidades públicas, como você sabe, e nas particulares, pode ser usado para conseguir bolsas. Ter o ENEM e o vestibular tradicional em algumas delas é uma segurança para os alunos, já que eles terão mais de uma chance para ingressarem em uma faculdade (escolher a universidade e o curso antes de saber se terá nota suficiente, para mim, é ilógico, não vejo como um “incentivo”). Além disso, essa questão de ter ou não ter condições para pagar uma faculdade é um debate superado. O Brasil fornece todas as condições para os estudantes, desde cotas até mesmo os sistemas de financiamento (como o Fies), que são relativamente fáceis de se conseguir. Sua colocação deveria ter sido: No Brasil, quem pode pagar, paga. Quem não pode, estuda do mesmo jeito, seja em instituições públicas, seja em privadas com bolsa, e quem quiser pagar só depois de se formar, pode financiar. 😉 Então, um dia eles chegam lá, não nós.

    1. Oi, Felipe. Eu não disse que o sistema brasileiro é ruim, apenas acho sim que o irlandês é mais justo. No Brasil vstibular funciona apenas pra quem vem de escolas particulares ou pode pagar cursinho. A estatistica de alunos ingressos de escola publica contra de escola particular é gritante.

      A universidade oublica tinha que ser ofertada a todos e graças ao sistema de vestibular e a devasagem do sistema publica de ensino, não é.

      Faculdade particular, no Brasil, é pra quem nao conseguir entrar na pública. ProUni, Fies e etc são progrmas pra permitir a esse jovem que não teve capacidade de passar na publica, cursar uma faculdade e isso é bom sim, não disse é ruim.

      Apenas não é justo.

      O sistema daqui continua sendo melhor. Ao menos na minha opinião.

      Um abraço!

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