Diferenças entre os sistemas de ensino europeu e brasileiro

No Brasil, depois de um curso de graduacao (bacharelado ou licenciatura), os recém-graduados, caso queiram continuar seus estudos, tem tres caminhos para escolher:

Caminho 1: Cursos de especializacao latu sensu – cursos que variam de 180h a 360h, com um assunto específico, com monografia final e que nao valem grau, apenas certificado de conclusao. MBAs sao tabelados como cursos latu sensu.

Caminho 2: Cursos de mestrado stricto sensu – cursos que variam de 2 a 3 anos, com pesquisa direcionada `a um assunto específico e producao de dissertacao final. Credita grau de mestre no assunto estudado.

Caminho 3: Cursos de doutorado – curso extremamente focado, com duracao mínima de 4 anos, muita pesquisa e tese final. Credita grau de doutor no assunto estudado.

E no Velho Continente, como funciona?

Até 1998, existiam diversos tipos diferentes de sistemas educacionais no continente, gerando uma imensa confusao na traducao e validacao de diplomas entre os países europeus. Pra resolver o problema, o Acordo de Bologna foi criado e com ele, o sistema europeu de ensino superior foi organizado em tres ciclos:

Ciclo 1: Graduacao – mesma estrutura de cursos de graduacao brasileiros.

Ciclo 2: Mestrado (MA/MFA/MBA/MS/MSc) – cursos de pós-graduacao focados em um assunto específico, geralmente divididos em MA (Masters of Arts) e MSc (Masters of Science) e que creditam grau de mestre no assunto estudado.

Ciclo 3: Doutorado (PhD) – mesma estrutura do doutorado brasileiro.

É aqui que os sistemas brasileiro e europeu se diferem. O sistema de ensino superior brasileiro é divido em 4 ciclos (graduacao, latu sensu, stricto sensu e doutorado), enquanto o sistema europeu, e desde meados dos anos 2000, o norte-americano, é dividido em 3 ciclos (graduacao, mestrado e doutorado).

student

Pra ficar mais claro, vou me usar como exemplo. Estou cursando um curso de mestrado no Reino Unido, oficialmente tabelado como MA in Graphic Design. Se o meu curso fosse no Brasil, ele seria tabelado como Especializacao Latu Sensu em Design Gráfico, nao como Mestrado Stricto Sensu em Design Gráfico.

Isso porque o sistema europeu nao diferencia seus cursos de pós-graduacao como o sistema brasileiro. Por aqui, latu sensu e stricto sensu simplesmente nao existem, ou existem em formas mais sutis, como explicarei abaixo.

É muito comum estudantes brasileiros virem para a europa para estudar um MA/MFA/MBA e sentirem como se o curso fosse ‘fraco’, ou até mesmo, `a nível de especializacao latu sensu, enquanto alunos brasileiros que vem para a europa para estudar um MS/MSc nao tem a mesma percepcao. Porque?

A razao é que cursos de MA/MFA/MBA, em uma conversao brasileira, sao latu sensu, enquanto os cursos de Ms/MSc, sao stricto sensu. Logo, se meu curso fosse MSc in Graphic Design, seria como se eu estivesse cursando um Mestrado Stricto Sensu em Design Gráfico no Brasil.

Importante! Disciplinas da área de Humanas, geralmente oferecem apenas cursos MA/MFA/MBA, mas encontrar cursos MS/MSc na área de Humanas nao é impossível. Disciplinas de Exatas e Biológicas, apenas oferecem MS/MSc.

Essas pequenas diferencas entre os sistemas de sistema geralmente rendem uma dor de cabeca danada a estudantes brasileiros quando pedem traducao e conversao de seus diplomas no Brasil. Muitos nao aceitam que seus cursos de mestrado europeus sao validados como especializacao no Brasil. Espero que esse post tenha te ajudado a enteder o sistema e nao `a ficar ainda mais confuso.

Cursos de MA/MFA/MBA e Ms/MSc sao dividos em 3 ciclos de 60 créditos cada, totalizando 180 créditos. Alguns cursos, depois de 60 créditos concluídos creditam o título de PostGrad Certificate, seguido de PostGrad Diploma quando completados 120 créditos. Quando completa-se 180 créditos, o título de Masters prevalece. Numa conversao brasileira, os títulos de PostGrad Certificate e PostGrad Diploma se equivaleriam a cursos de extensao universitária, nao pós-graduacao.

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16 comentários sobre “Diferenças entre os sistemas de ensino europeu e brasileiro

  1. Olá, Ricardo! Tudo bem?
    Ainda estou confusa rs
    Eu fiz o curso de Língua Portuguesa, na PUC-SP, de pós-graduação de 2 anos, o latu sensu. Equivaleria ao ???
    Eu achava que os de postgraduated certificaded e diploma fossem essa diferenciação!
    Entre undergraduated e graduated courses, você tem alguma postagem sobre isso?
    Obrigada!
    Regina

  2. Olá Rick, tenho duas pós graduações lato-sensu (uma em educação e outra em MBA em marketing) de 180 horas. Minha dúvida é se eu precisaria validar esses diplomas, e também qual seria a equivalência deles em Portugal?

    Muito obrigado pelo texto… esclareceu muita coisa.

  3. Rick, tenho algumas dúvidas….

    Fazendo um curso de tecnólogo em comercio exterior e depois fazendo uma pós graduação latu-sensu, totalizando 4 anos de estudo no mínimo, eu consigo validar/ reconhecer meu diploma nos países europeus?O fato dessa pós graduação latu-sensu nao conferir diploma, mas apenas um certificado, prejudica essa validação?

    Meu objetivo é trabalhar com comercio exterior, porém fora do Brasil, para isso eu teria que conseguir no minimo validar o diploma la fora. É possivel?

    Agradeço a atenção!!

    1. Oi Vivian,

      Pra cursos de adm/artes/comunicacao/turismo nao é necessário validacao de diploma pro mercado de trabalho. Ter os certificados em PT já basta.. se quiser entrar na area academica, tem que traduzir pro ingles. Cada pais tem o seu esquema, olha nesse link e ve se voce acha a sua http://qsearch.qqi.ie/WebPart/Search?searchtype=recognitions … se tiver ai, ja e automaticamente reconhecido!

      Validacao só é necessario em profissoes ‘mais importantes’ que afetem a sociedade em niveis diversos tipo mediciina, enfermagem, fisio, engenharia, arquitetura etc..

      Boa sorte!

  4. Olá,

    Até onde entendo, mestrado e doutorado são stricto senso e não somente o mestrado.

    § 2º A Pós-Graduação stricto sensu compreende os cursos de Mestrado e de Doutorado.

  5. De fato, acho meu mestrado finlandês meio fraco, mas como eu vou entregar uma tese, terei o título de mestre. O problema maior, acredito eu, quando se estuda no exterior é a validação do diploma. Eu nem pesquisei muito isso, mas sei que se eu quiser validá-lo no Brasil, além de gastar muitos dinheiros, vou precisar encontrar alguma universidade pública que tenha um programa parecido. O problema? Não tem!
    Sobre o Acordo de Bologna, apesar de parecer algo muito bom para padronizar tudo, não podemos esquecer que foi feito com base nos países “centrais” e, portanto, os países europeus mais periféricos e que não necessariamente se encaixam nos padrões dos outros países europeus, tiveram que adequar seus sistemas de ensino a uma realidade que não correspondia ao contexto local e isso nunca é bom… aliás, padronizar o ensino nunca é.

    1. Eba! Espero nao confundir a galera… sinto que esse post vai precisar de um update em breve caso eu nao tenha coberto o role todo.

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