Dias atrás eu li um texto publicado no Estadão que, antes de continuar a escrever, eu quero te convidar a ler. Clique aqui e leia.
Leu?
Se você já visitou a Irlanda, mora/morou aqui ou simplesmente se interessa pelo país você sabe que o texto é sim, bem real. A Irlanda é cheia de ruivos e ruivas, todos são hospitaleiros, os pubs vivem cheios, Bono está aí pra quem quiser ver e a Guinness é quase café-da-manhã. Mas o texto é raso. Raso até demais.
A Irlanda é mais, muito mais do que passeios em Dublin e em Belfast. A Irlanda é mais do que Guinness e Temple Bar. Aliás , se você perguntar pra qualquer local onde fica o melhor pub pra conhecer e curtir um pouco de cerveja, música e cultura irlandesa, você não vai ser convidado a ir ao Temple Bar.
O Temple Bar é o pior lugar pra se ir em Dublin. Ele é muito mais interessante e vale muito mais a pena durante o dia do que à noite. Durante a noite ele vale a pena ser cruzado em direção a outros pubs e áreas mais afastadas.
Pelo tom de voz da autora dá pra perceber pra quem esse texto é focado. Esse tipo de turista, que “está cansado de ir à Londres”, “sabe andar no metrô de Berlim melhor do que no de São Paulo” e “conhece Paris de ponta à ponta” não é o tipo de turista que vai se dar bem na Irlanda.
Já cansei de ouvir de intercambistas, que tem esse perfil de turista, que a Irlanda não tem nada. Eles pensam exatamente como essa autora aí, que a Irlanda é um lugar exótico. Não, não é. A Irlanda tem muita coisa e é muito, muitíssimo rica. Mesmo sem London Eye, Parlamento e Big Ben pra tirar foto fazendo careta. Sem Torre Eiffel pra tirar foto romântica. Sem Torre de Pisa pra tirar foto fingindo que a está segurando.
Se o turista vir pra Dublin procurando monumentos legais pra tirar foto, como esse tipo de turista a quem a autora escreve o texto, ele vai ficar frustrado, porque o Spire é tão fino que malemá aparece na foto quando é encaixado na lente da câmera.
Esse tipo de turista que vem pra Europa pra comprar coisas importadas, passear por lojas e tirar foto em monumento sem saber um terço sobre a história e importância do mesmo pode – e vai – achar a Irlanda bem mais ou menos.
Já o turista que, além de dizer que foi, gosta de se aprofundar, conhecer e aprender com todos os lugares e culturas que visita, vai achar a Irlanda um dos países mais lindos e ricos do mundo. Ele vai ser esperto e fazer um roteiro de 2 dias NO MÁXIMO em Dublin e vai dar um rolê em Cork, vai pra Kerry, vai andar pelas ruas de paralelepípedo da cidade das tribos, Galway. Vai também se aventurar nas pequenas vilas de Clare, vai visitar os Cliffs of Moher, vai se interessar pelas Aran Islands.
Vai dar um ‘oi’ aqui por Sligo, Mayo e Leitrim. Vai se apaixonar e se encantar por Derry. Vai aprender quão importante Belfast é pra economia do Reino Unido e da Irlanda e não só dizer que botou os pézinhos onde o ‘Titanic foi feito’.Ainda sobre Belfast, essa pessoa, se gostar de história, vai se apaixonar – e se assustar – ainda mais pela capital da Irlanda do Norte ao aprender mais sobre os conflitos e sobre a história por trás do ‘Muro da Paz’, que separa a cidade.
Eu não tenho nada contra quem faz esse tipo de turista, mas não dá pra ler um texto desse, que praticamente tira sarro da Irlanda sem fazer nada. Se voce le o blog da Bia e da Bárbara, percebeu que elas escreveram um texto sobre o mesmo tema, nao esquece de passar lá.
Quero ouvir a sua opinião também, você topa? Escreve aí nos comentários.
Corrigindo: o filme é imperdível! – bolas, não sei como saiu um “imerdível”:)
Olá!
Amei o seu texto.
Só uma dúvida:que é isso de “turismo coxinha”? Sou portuguesa e não conheço esse termo:)
Independentemente desse termo, acho que compreendi o sentido do texto e apreciei muito.
Antes de vir morar na Irlanda, eu vivi dois anos num País Africano. Nesses meses, as simples paisagens verdes da Irlanda devolveram-me a paz e a serenidade. O texxto linkado é muito poucochinho para descrever a Irlanda.
Beijinhos,
Ângela
P.S. Você já foi ver o filme Calvary? Só pelas paisagens filmadas vale a pena.
Oi, Angela! Adoro qdo vc comenta aqui! Sobre o coxinha, vou dizer o mesmo que disse pro Rafael acima.. “‘coxinha’ é um termo usado MUITO no estado de Sao Paulo. Comecou por causa daqueels caras que malham so a parte de cima e esquecem da de baixo e se parecem com uma coxinha. Alem do corpo, eles,na maioria, sao bem ‘vazios’ e cliches em tdo. So querem se mostrar, falar que tem e essas coisas. Dai o termo coxinha!”
e ahhhh, Calvary foi gravado aqui em Sligo!!! Ainda nao vi, mas nao se fala em outra coisa nessa cidade.
Ohhh, obrigada!
Sabe, quando eu pensava em “coxinha” só relacionava com turismo gastronómico:) Cabeça de gorda que só lhe ocorria lembrar os salgadinhos do Brasil! Como eu sinto saudade de comer uma coxinha, um pastel de feira acabadinho de fritar…
Eu sou fá do turismo gastronómico! As minhas melhores férias foram uma road-trip de 10 dias por Itália em que o critério foi viajar de restaurante em restaurante…Nada de cidades/monumentos…Tudo foi marcado em razão de conhecer comidas, sabores, restaurantes. Cabeça de gorda mesmo:)
Eu sei que foi gravado em Sligo, isso fica bem claro quando se vê o filme. O filme é muito, muito bom em vários niveis. É im+erdível!
Para mim, o que mais me marcou foi ir sentindo as reacções dos irlandeses que estavam assistindo – quando é que os chocava, quando os surpreendia, quando riam…Toda uma experiênca sociológica.
Aliás, sempre achei que para conhecer um povo há que assistir cinema junto. Mesmo quando faço uma viagens-relampagos sempre assisto um filme para sentir o pulso e o vibrar dos locais.
Beijinhos
Wow, Rick! Seu texto me surpreendeu! Muito bom!
Há várias Irlandas, de fato, cada turista faz a sua!
Ah, sua linda! ❤ O seu texto tb ta otimo! Ainda bem que a gente conheceu mais da Irlanda pra nao fazer esses julgamentos feios, né?
Bom texto, mas por que coxinha no título?
Oi, Rafael.. ‘coxinha’ é um termo usado MUITO no estado de Sao Paulo. Comecou por causa daqueels caras que malham so a parte de cima e esquecem da de baixo e se parecem com uma coxinha. Alem do corpo, eles,na maioria, sao bem ‘vazios’ e cliches em tdo. So querem se mostrar, falar que tem e essas coisas. Dai o termo coxinha!
Rick, amei seu texto. Sou sua fã, mas isso cê já sabe há um tempão, né? Acho que poderíamos fazer texto “em conjunto” sempre, sério!
Adorei a ideia de texto em conjunto ‘more often’! Eu tb adorei o seu e o da Bia, pontos muitos parecidos pq a gente pensa mto igual. ❤
Acho que existe uma diferença entre turistas e “viajantes” sabe? Em qualquer lugar do mundo que vc for, sempre vai ter alguém que não se interessa por museus, estátuas ou coisas do tipo. Acho que quando vc vai conhecer um lugar novo, deve pesquisar antes, nem que seja só um pouco da história e do porquê das coisas daquele lugar, fica tão mais divertido e emocionante!
Eu sempre passava pelo Dublin Castle, achava super legal e tal, mas no dia que eu resolvi fazer a visita guiada e entender a história do lugar, fiquei tão emocionada e apegada. Isso sim faz a diferença.
Quando fui pra Roma, resolvi não usar ônibus, queria andar cada pedacinho que eu pudesse, e acabei descobrindo coisas incríveis que não estavam no roteiro fixo do turista.
Melhor coisa de viajar é andar a pé e parar num lugar comum e sentir. ^^
Concordo plenamente. Esse povo que só quer ir, dizer que foi e tirar foto em monumento famoso me dá preguiça demais.
Antes de turista, ser viajante..mas nem todos pensam assim e temos que respeitar quem curte só tirar foto, né?
Mesmo tendo preguiça deles.
Sdds!!