O que ser quando crescer?

Esse post nao tem nada a ver com a Irlanda, nem com intercambio, nem com Sligo e etc. Na verdade, tem so um pouquinho, ja que aqui eu tenho feito um balanco da minha vida. Mas ainda assim, e um post pessoal. Fique a vontade pra clicar no ‘X’ ou pra ler os posts anteriores, caso seu interesse seja so Irlanda e nao na minha pessoa. Momento mimimi

Esses dias li um e-book cujo objetivo era te ajudar a encontrar aquilo que voce ‘nasceu pra fazer’. Ele dizia que aquilo que a gente mais fazia quando era crianca seria a resposta do caminho que a gente deveria seguir na vida.

Um dos exemplos que ele usava era o de mulher, que quando era menina so queria saber de brincar de comidinha e hoje e chefe de cozinha e tem um loja gourmet FODA em Sao Paulo. Pra isso, ela largou a carreira de, vejam so, publicitaria e foi atras do sonho dela.

Fiz a retrospectiva e resultado: desde crianca eu me enfiei nos livros, nos desenhos Disney, nos filmes Sessao Da Tarde e tambem na arte de inventar historias. Historias de todo tipo, de navegante perdido no mar a dragoes e princesas. Inventava tanto que as vezes eu nao conseguia separar o que era verdade e o que era ‘mentirinha’. Coitados dos meus irmaos que tinham que ouvi-las e ainda me ouvir dizer que era tudo verdade.

Eu nao era mentiroso, eu so era criativo.

Ao inves de desenhar na capa do caderno ou nas bordas, eu escrevia baboseiras. As ultimas folhas do caderno eram cheias de dialogos e historinhas sem pe nem cabeca. Eu gostava de passar pro papel os inumeros possiveis dialogos que passavam na minha cabecinha de vento.

Nunca fui bom em desenho e nunca desenhei a mao. Nao sei nem desenhar hominho de pauzinho. Lembro que um dia me atrevi a desenhar ‘olhando’ – sabe aquela tecnica de olhar outro desenho e copiar? – Entao, ela mesmo. Desenhei um Piu-Piu todo cagado e dei de presente pra minha mae – com um bilhetinho, claro. Mamae guarda ate hoje numa caixa no armario dela.

Na escola, diferente do resto da sala, eu adorava trabalhos do tipo ‘resuma o livro que voce leu’. O mais incrivel era que eu gostava de fazer isso e todos me olhavam como se eu fosse um ET por gostar de ler e pior, de resumir! Eu resumia o livro da minha cabeca e nao tirando pedacos do original e copiando-colando. Eu costumava pegar o indice e apenas pelo nome do capitulo, passar pro papel aquilo que eu lembrava que tinha acontecido. Uso essa tecnica ate hoje pra saber se estou entendendo o livro que estou lendo.

writing

Com 11 anos eu escrevi um ‘livro de folhas de papel almaco’ – que eu nunca mostrei pra ninguem – que era uma adaptacao de um livro ruim que eu li.

Alem disso, meus ‘hominhos’ – action figure – tinham nome, hobbie, profissao, cor favorita e as vezes eles morriam – eu os queimava na fogueira. Eles eram personagens das minhas historias idiotas.

Ja mais crescidinho, no ensino fundamental e medio, a temida redacao NUNCA foi um problema pra mim. Nunca, nunquinha e nem na Terra de Sao Nunc! Uma folha de papel em branco era um desafio gostoso de ser alcancado e eu me sentia #proudofmyself quando meus professores elogiavam a minha escrita. Tanto que, quando fiz ENEM (2006), tirei 95 na minha redacao.

Isso me fez refletir, porque diabos eu virei designer se o design nunca teve nada a ver comigo? Sera que e por isso que eu me sinto irritado/frustrado/chateado quando pego qualquer tipo de job e jogo todas as minhas pretensoes ‘escriticias’ aqui pro blog?

Hoje no Globo Reporter. TOCA AJUDA NOIS

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5 comentários sobre “O que ser quando crescer?

  1. Esse post ficou na minha cabeça desde que li, acho que ontem a noite. Não só por compartilhar as mesmas pretensões “escriticias” que você, mas pela frase que você citou lá no começo, de diz que o que fazemos muito quando crianças pode ser uma mostra do caminho que devemos seguir.
    Não fiquei muito bem com ela… Basta lembrar da minha infância para ver que eu estava muito mais próximo de alguém que vai passar a maior parte da vida com a bunda colada no sofá mais próximo da TV do que alguém que vive em meio aos livros. Para falar a verdade, os livros só entraram em definitivo na minha vida nas férias do primeiro para o segundo colegial. Também é verdade que chegaram chutando a porta e dando um soco na cara de quem estivesse na TV, só naqueles dois meses de férias foram quase duas dezenas de livros da Agatha Christie, cheguei a ler um livro em um dia e meio, tirando a outra metade de “folga” ou para ir no Sebo do Baú comprar mais três ou quatro livros. Li tantos livros da Rainha do Mistério naquela férias, que nunca mais li nada dela… Na minha infância, só lembro de pegar livros quando a TV saia do ar e ainda estava sem sono ou quando tive que escrever livrinhos para a escola (um deles deixei para a última hora e quase não acabei a tempo e o outro envolvia nazistas, o que me deixou com medo de ser preso, pois na capa tinha uma suástica e tinha lido que usar o símbolo era crime. – Nem sei como lembro disso!).
    Por tudo isso, ao ler você escrever que a nossa infância é um esboço de nosso futuro me tirou do lugar, me tirou de um caminho que procuro reencontrar me afastando das correntes invisíveis da comodidade que nos prendem em nossa terra natal, me fez pensar durante boa parte do dia se escrever era o meu caminho.
    Pensei, pensei e pensei e cheguei a conclusão que não! Escrever não é o meu caminho! Não é aquilo que a minha infância apontava, ela mostrava outra coisa: sempre tive uma paixão por ir contra o sistema. Hoje, conversando com a minha namorada, enquanto ela almoçava no MacDonald´s, lembrei de uma viagem com a escola para ver a exposição dos guerreiros de terracota – acho que na sétima série -, onde fui obrigado a comer no MacDonald´s, depois de alguns anos me recusando a ir naquele “antro do imperialismo americano”. Na sala de aula também nunca fui dos melhores. Se achava uma coisa estava errada, brigava com quem tinha que brigar (com uma predileção especial por professores e diretores), mesmo que a “norma” fosse aquela (na oitava série, reclamei tanto quando vi a diretora reprimindo um aluno que tinha pintado o cabelo de azul, que até minha mãe foi tirar satisfação na escola).
    Ler o que você escreveu, Rick, na véspera de um intercâmbio que tem como objetivo principal me permitir um reencontro, um ano sabático, ajudou a tirar a nevoa que encobria meu caminho. A escrita, que no meu caso envolve além dos livros, cinema e teatro, é só uma ferramenta para fazer o que eu sempre fiz desde criança: ir contra o sistema usando o poder das palavras e das imagens.
    Depois de me apropriar um pouco do seu blog pessoal para falar tanto de mim, vou seguir a linha da Bárbara usando um pensamento que tento seguir inspirado em dois escritores que eu gosto muito, Hermingway e Bukowsky. Do primeiro, sempre me espelhei na rotina que ele se impunha. Toda manhã, quando morava em Paris, ele saia de casa e ia para um quarto de hotel que mantinha como escritório e passava a manhã toda escrevendo. Podia não ser nada grandioso, mas é dessa rotina que saia as coisas boas. (Esse é um exemplo que ainda preciso seguir mais, sou péssimo com rotinas…). Do Velho Safado, sempre penso no que ele passou antes de se tornar famoso. Enquanto o trabalho servia para sobrevivência, a escrita era uma forma de viver, mesmo que aquilo resultasse em eternas rejeições das revistas.
    Hoje, depois de formado em jornalismo e tento trabalhado com isso durante cerca de quatro anos, vejo que conciliar o que escrevo para viver e o que escrevo para sobreviver é uma tarefa difícil, mas que um dia espero alcançar.
    (Também tenho um problema em parar de escrever, com deu para perceber – hehehe -, mas vou ficar por aqui, porque já tô caindo de sono e acho que esse texto está mais confuso que qualquer outra coisa, mas prometo melhorar essas ideias sobre o que fazemos na infância para reviver meu blog que anda meio morto. Abraços e valeu pelo espaço por mim apropriado!)

    1. Uow..demorei pra te responder tb! Uma coisa que vc disse que me fez pensar tb….vai ver nao nasci pra escrever, mas como me faz bem..continuarei escrevendo…posso nunca ganhar avida com isso, mas cada txto que sai me deixa mais leve..

      Devo estar na crise dos 20 e poucos..hehehe

      Obrigado pelo comentario e por acompanhar! 🙂

  2. Nunca é tarde pra começar do zero. Você tem que fazer o que te faz feliz!

    Eu me formei em Rádio e TV mas quis mesmo é sofrer e ser professora. Me formei, mas guardei o diploma na gaveta e fui me especializar no que eu gostava. 🙂

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