Belfast é uma cidade fantástica, como vocês puderam ver nos outros posts e que me ensinou muitas coisas novas. Mas algo em especial me marcou na cidade, o Peace Wall.
O Peace Wall é um ENORME muro, construído no ano de 1969, bem no começo dos conflitos religiosos em Belfast e que tem por objetivo separar protestantes de católicos. Ele corta os principais bairros católicos e protestantes da cidade e chama “Peace Wall” porque, teoricamente, impede que ataques gratuitos aconteçam entre os dois lados.
Eu já cheguei em Belfast querendo conhecer o muro, mas ele não estava no mapa. Precisei pedir informação a um irlandês que, muito prestativo, me disse o caminho para chegar lá e até me mostrou no mapa. Achei engraçado que algo tão importante não estive marcado no mapa, mas depois pensei: quem é que tem orgulho de mostrar uma coisa dessas?
Ninguém.

O muro não representa paz alguma e sim guerra. O clima perto do muro é pesado, é como se algo ali sugasse as suas energias rapidamente. É possível sentir o peso que esse povo carregou por tanto tempo e que, infelizmente, ainda carrega.
Não existe paz na divisão. Não existe paz quando você precisa erguer um muro intransponível para separar aqueles que, se estiverem juntos, vão tentar se matar.

Hoje o muro não tem mais a função oficial de separar, pois foi “inviabilizado” em 1998, mas até hoje ele separa, porque afinal, não foi derrubado. Todos os dias, pela manhã, os portões são abertos e permitem o acesso de uma lado a outro, mas no fim da tarde, eles tornam a ser fechados.
Triste, muito triste.
Essa visita só me fez refletir um pouco mais sobre o Brasil. Por mais que ainda tenhamos uma ENORME intolerância religiosa, que a maioria ainda não aceita as diferenças dos outros, que tenhamos homofóbicos e preconceituosos presidindo uma Câmara de Direitos Humanos, que tenhamos violência contra mulheres, gays e negros, nós não temos um muro que nos separa.
Brasil, um país de todos.
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